Annonaceae

Annona sylvatica A.St.-Hil.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Patricia da Rosa. 2019. Annona sylvatica (Annonaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

3.736.064,288 Km2

AOO:

1.944,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020, 2018), com ocorrência no estado: Alagoas (Chagas-Mota 2112), Bahia (Ganev 2876), Mato Grosso (Caliari et al. 325), Espírito Santo (Julkoski, 128), Minas Gerais (Forzza et al. 4361), Paraná (Hatschbach 4280), Rio de Janeiro (Salgado 308), Rio Grande do Sul (Rambo 49258), São Paulo (Lombardi 7036), Santa Catarina (Korte 5699), Sergipe (Nunes et al. 241). Segundo a Flora do Brasil 2020 (2018), a espécie não ocorre nos estados Alagoas e Sergipe.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Patricia da Rosa
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore de até 8 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Popularmente conhecida por affenbeeren, alchexú, araticú, araticú do mata, entre outros, foi coletada em Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Ombrófila Mista, Restinga e Cerrado (lato sensu) associadas a Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal nos estados de Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. Apresenta distribuição ampla, EOO=XXXXX km², diversos registros depositados em coleções biológicas, inclusive com coletas realizadas recentemente, e ocorrência confirmada em Unidades de Conservação de proteção integral e em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas naturais em estado prístino de conservação. A espécie ocorre em múltiplas fitofisionomias e em distintos domínios fitogeográficos, de forma frequente na maior parte das localidades em que foi registrada. A fruta comestível é principalmente colhida na natureza para uso local, além de possuir usos medicinais e ser indicada para projetos de reflorestamento pelo seu rápido crescimento (Tropical Plants Database, 2018). Não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua existência na natureza. Assim, A. sylvatica foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2017
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido
Razão para reavaliação? New information
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada como "Menos preocupante" (LC) na lista vermelha da IUCN (BGCI e IUCN, 2019). O BP-RLA reavaliou a espécie, mediante novas informações disponibilizadas pelos especialistas e novas avaliações referentes à distribuição.

Houve mudança de categoria: Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Pl. Usuel. Bras. 1-4, pl. 29. 1825. Popularmente conhecida por affenbeeren, alchexú, araticú, araticú do mata, araticum, araticum grande, bananinha, biribá, cortiça, cortiça de comer, embira vermelha. De acordo com o especialista botânico a espécie: 1 - apresenta uso (madeira, frutos, paisagismo, etc). R.: Sim. Consumo de frutos; 2 - ocorre em Unidades de Conservação. R.: Sim. Parque Nacional da Serra do Cipó, MG; 3 - apresenta registros recentes, entre 2010-2018. R.: Sim; 4 - é uma espécie com distribuição ampla. R.: Sim. Mata Atlântica e Cerrado; 5 - possui amplitude de habitat. R.: Sim. ; 6 - possui especificidade de habitat. R.: Não. ; 7 - apresenta dados quantitativos sobre o tamanho populacional. R.: Não; 8 - em relação a frequência dos indivíduos na população. R.: Não tenho certeza; 9 - apresenta ameaças incidentes sobre suas populações. R.: Não; (Jenifer Lopes, com. pess. 22/11/2018).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A fruta comestível é principalmente colhida na natureza para uso local, embora também seja cultivada às vezes (Tropical Plants Database, 2018). A árvore também tem usos medicinais locais e é a fonte de madeira e fibra (Tropical Plants Database, 2018). Uma árvore de rápido crescimento que produz abundante oferta de frutas para as espécies nativas, é uma boa espécie a ser escolhida como parte de um projeto de reflorestamento para restaurar a floresta natural (Tropical Plants Database, 2018).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Mata Atlântica, Pantanal
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta Ombrófila Mista, Restinga, Cerrado (lato sensu)
Fitofisionomia: Floresta Estacional Decidual de Submontana, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Submontana, Floresta Ombrófila Mista, Vegetação de Restinga, Savana
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest, 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest, 2 Savanna
Detalhes: Árvores de 6-8 m de altura (Lorenzi et al., 2000), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica e Pantanal (Flora do Brasil 2020, 2018).
Referências:
  1. Annona in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB110263>. Acesso em: 10 Dez. 2018

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat past,present,future regional very high
A Restinga é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al., 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico. A pressão exercida por essas atividades resulta em um processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna (Rocha et al., 2007). Atualmente, a cobertura vegetal original remanescente da Região dos Lagos é menor que 10%(SOS Mata Atlântica, 2018). As Unidades de Conservação até então existentes, não foram suficientes e capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018)
Referências:
  1. Hay, J.D., Henriques, R.P.B., lima, D.M., 1981. Quantitative comparisons of dune and foredune vegetation in restinga ecosystemsin the State of Rio de Janeiro, Brazil. Revista Brasileira de Biologia 41(3): 655-662.
  2. Rocha, C.E.D., Bergallo, H.G., Van Sluys, M., Alves, M.A.S., Jamel, C.E., 2007. The remnants of restinga habitats in the brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: Habitat loss and risk of disappearance. Brazilian Journal os Biology 67(2): 263-273
  3. SOS Mata Atlântica/ INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. http://mapas.sosma.org.br/ (acesso em 8 de agosto 2018).
  4. Carvalho, A.S.R., Andrade, A.C.S., Sá, C.F.C, Araujo, D.S.D., Tierno, L.R., Fonseca-Kruel, V.S., 2018. Restinga de Massambaba: vegetação, flora, propagação, usos. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ. 288p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future regional very high
No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária) ,era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%), com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial,como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al., 2005).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future regional very high
Atualmentea base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado para corte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente àsenchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem seexpandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP,têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração. Em geral,a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionandodegradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios,queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens.Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislaçãoe à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitemque atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça,exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos. As atividades mineradoras, além de gerarem forte impactovisual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos dágua,contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificandoprocessos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem. Esse processo de colonizaçãoaliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasodutoBrasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira. A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde sesituam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruiçãodos habitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e daintensificação das inundações (Harris et al., 2005).
Referências:
  1. Harris, M. B.; Tomas, W. M.; Mourao, G.; Silva, C. J.; Guimarães, E.; Sonoda, F.; Fachim, E. Desafios para proteger o Pantanal brasileiro: ameaças e iniciativas em conservação. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 156-164, 2005.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada no Parque Nacional da Serra do Cipó, MG.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Menos preocupante" (LC) na lista vermelha da IUCN (BGCI e IUCN, 2019).
Referências:
  1. Botanic Gardens Conservation International (BGCI), IUCN SSC Global Tree Specialist Group 2019. Annona sylvatica. The IUCN Red List of Threatened Species 2019: e.T143324063A143324070. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-1.RLTS.T143324063A143324070.en .(Acesso em 17 de setembro de 2019)

Ações de conservação (5):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural fruit
A fruta comestível é principalmente colhida na natureza para uso local, embora também seja cultivada às vezes (Tropical Plants Database, 2018)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Annona+sylvatica (acesso em 12 de novembro 2018).
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural leaf
As folhas são antitussígenas, antiespasmódicas e febrífugas. Eles são usados ​​no tratamento de disenteria, aftas e dores de garganta (Tropical Plants Database, 2018)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Annona+sylvatica (acesso em 12 de novembro 2018).
Uso Proveniência Recurso
8. Fibre natural stalk
Fibras na casca são usadas para fazer cordas (Tropical Plants Database, 2018)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Annona+sylvatica (acesso em 12 de novembro 2018).
Uso Proveniência Recurso
12. Handicrafts, jewellery, decorations, curios, etc. natural stalk
A madeira é muito leve, macia, acetinada, solidamente compactada e de baixa durabilidade natural. É usado para a construção de canoas e pequenas embarcações, trabalhos internos, painéis de teto, carpintaria geral, escultura, objetos domésticos etc (Tropical Plants Database, 2018)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Annona+sylvatica (acesso em 12 de novembro 2018).
Uso Proveniência Recurso
16. Other whole plant
Árvore de rápido crescimento que produz abundante oferta de frutos para as espécies nativas, é uma boa espécie a ser escolhida como parte de um projeto de reflorestamento para restaurar a floresta natural (Tropical Plants Database, 2018)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Annona+sylvatica (acesso em 12 de novembro 2018).